segunda-feira, 13 de fevereiro de 2017

SEMENTE CRIOULA É SAÚDE NO PRATO: A EXPERIÊNCIA DA FARINHA DE CUSCUZ

Foto: Ascom/MCP


Produzir alimentos saudáveis para o povo brasileiro! É com esta afirmação que o Movimento Camponês Popular (MCP) tem se colocado para contribuir no processo de organização e lutas do campesinato brasileiro, principal responsável pela produção de alimentos no país.
Indo de encontro à lógica imposta pelo agronegócio, o MCP vem trabalhando há 8 anos o resgate das sementes crioulas como forma de construção de uma autonomia da classe camponesa perante ao desenvolvimento do capitalismo no campo e como forma de buscar um avanço para um projeto de soberania alimentar para o Brasil.
Há apenas 2 anos no estado de Sergipe, o movimento busca resgatar e multiplicar variedades crioulas de algumas espécies, com destaque para a cultura do milho, bastante produzido em todo estado. Trabalho realizado numa série de reuniões, intercâmbios e capacitações construídas junto aos camponeses da região sul, em parceria com o Núcleo de Agroecologia da Embrapa Tabuleiros Costeiros e a Rede Sergipana de Agroecologia (RESEA), buscando avançar na transição agroecológica no campo.
Na última safra, o MCP se propôs a dar mais um passo na construção da autonomia camponesa e da soberania alimentar, realizando o beneficiamento do milho crioulo em farinhas de cuscuz. Foram produzidas cerca de 2 toneladas, que rapidamente foram comercializada nas mais diversas regiões. Acredita-se que para as próximas safras esse trabalho atinja um aumento de escala e que venha a atender um público ainda maior, organizando mais camponeses e garantindo alimentos saudáveis na mesa de mais sergipanos e sergipanas.
Esta experiência, apesar de ainda ser inicial, já nos traz a certeza de que estamos no caminho certo, pois, se na cidade há uma grande aceitação do produto, para os camponeses é uma forma de garantir mais renda, mais qualidade de vida e maior possibilidade de permanência no campo.
Apesar do avanço, ainda há muito a caminhar, pois o movimento ainda não possui uma estrutura própria de realizar o completo beneficiamento, tendo que terceirizar parte deste processo. Por isso, reafirmamos a importância da aplicação de políticas públicas voltadas para o campo, como o incentivo à produção agroecológica, a assistência técnica, incentivos para a agroindustrialização da produção camponesa, acesso à terra, dentre outras, tendo como protagonista os próprios camponeses, pois somente assim conseguiremos ter alimentos saudáveis na mesa do povo do campo e da cidade.

Por Luiz Mário e Philipe Alves, ambos são militantes do Movimento Camponês Popular.